A Rodovia Panamericana - Um sonho de três brasileiros
Mapa da Rodovia Panamericana - Fonte: Wikipedia |
Embora a idéia fosse construir uma unica rodovia, ela acabou como um projeto abstrato formado por inúmeras rodovias interligadas e construidas em tempos, climas e terrenos diferentes, tanto que, oficialmente, não existe uma designação oficial para a rodovia, nem uniformidade. Algum trechos são instransitáveis e outros extremamente perigosos.
A participação brasileira
Para quem estranha que a Panamericana não contemple o Brasil, cabe aqui então o verdadeiro motivo deste post. A participação brasileira nesse sonho. Foram três brasileiros os que realmente puseram a "mão-na-massa" para construir a rodovia que ligaria as três américas: A Carretera Panamericana. Ainda em 1928, apoiados pelo então presidente Washington Luís, montaram a “Expedição Brasileira da Estrada Panamericana”, partindo do Rio de Janeiro, comandada pelo Tenente do Exército Leônidas Borges de Oliveira, apoiado pelo observador Francisco Lopes da Cruz e pelo mecânico Mário Fava, a bordo de dois calhambeques Ford Modelo T, batizados de Brasil e São Paulo, rumo a Nova Iorque. Demoraram 10 anos para completar a missão.
Ford Modelo T |
Depois de 28.000km abertos a base de pás e picaretas através de 15 países, chegaram a Nova Iorque, para então retornar ao Brasil. Nossos aventureiros puderam conhecer, nesse longo caminho, o intocável Eliot Ness, o revolucionário nicaraguente Augusto César Sandino, o Presidente Norte-americano Franklin Delano Roosevelt e o pioneiro da indústria automobilística, Henry Ford, que teria oferecido uma fortuna pelos dois valentes calhambeques, a qual recusaram, entre muitos outros.
De volta ao Brasil, foram recepcionados pelo presidente Getúlio Vargas, que recebeu uma cópia do projeto. E por indicação do Marechal Rondon, o comandante da expedição,
o tenente Leônidas, foi nomeado cônsul do Brasil na Bolívia. Por onde passavam, Leônidas, Francisco e Mário eram recebidos como verdadeiros heróis pelas populações locais, que ofereciam apoio logístico e financeiro.
Os trechos mais difíceis do percurso foram os caminhos quase intransponíveis de alguns países da América do Sul atravessados pela Cordilheira dos Andes, como Equador, Bolívia e Colômbia, onde quase morreram devido ao frio e aos abismos das estradas. Além disso, transpuseram selvas, rios caudalosos e pântanos. Em 16 de abril de 2008, em comemoração aos 80 anos do evento, partiu também do Rio de Janeiro uma nova expedição com oito brasileiros, a bordo de duas Ford F-250. O destino foi Dearborn, Michigan, onde, em outubro, foram festejados os 100 anos do Ford Modelo T.
O escritor Osni Ferrari conta em detalhes a aventura desses três heróis brasileiros em seu livro "Eu não sabia que era tão longe". Num dos trechos, é contado como era a dificuldade de combustível (estamos falando de selva amazônica em 1928).
"[...Mário retirou a gasolina que havia no tanque do Brasil e em seu lugar colocou pouco mais de um litro da aguardente. Tentou ligar o carro e este, ainda com o motor embebido pela gasolina que permanecia nas tubulações do motor, começou a funcionar, porém, com a chegada do álcool no seu dispositivo de queima, não sustentou a marcha e apagou. Mário adicionou um copo da gasolina que havia retirado e, dessa vez, ao acionar a ignição, percebeu que o motor respondeu positivamente.
― Vai funcionar. O motor vai aceitar a cachaça. Será necessário ajustar o motor, porém, como o problema é a falta de gasolina, precisamos encontrar outra coisa para misturar com a bebida. Querosene, talvez...]"
Não sei vocês, mas meus heróis brasileiros são desse nível.
Para ler mais:
Rodovia Panamericana na Wikipedia
Carretera Panamericana em miniford.com.br
Livro "Eu não sabia que era tão longe" no site do autor Osni Ferrari.
Revista Veja – 06/04/2011 – Matéria: Os três pioneiros – Diogo Schelp
De volta ao Brasil, foram recepcionados pelo presidente Getúlio Vargas, que recebeu uma cópia do projeto. E por indicação do Marechal Rondon, o comandante da expedição,
o tenente Leônidas, foi nomeado cônsul do Brasil na Bolívia. Por onde passavam, Leônidas, Francisco e Mário eram recebidos como verdadeiros heróis pelas populações locais, que ofereciam apoio logístico e financeiro.
Os trechos mais difíceis do percurso foram os caminhos quase intransponíveis de alguns países da América do Sul atravessados pela Cordilheira dos Andes, como Equador, Bolívia e Colômbia, onde quase morreram devido ao frio e aos abismos das estradas. Além disso, transpuseram selvas, rios caudalosos e pântanos. Em 16 de abril de 2008, em comemoração aos 80 anos do evento, partiu também do Rio de Janeiro uma nova expedição com oito brasileiros, a bordo de duas Ford F-250. O destino foi Dearborn, Michigan, onde, em outubro, foram festejados os 100 anos do Ford Modelo T.
O escritor Osni Ferrari conta em detalhes a aventura desses três heróis brasileiros em seu livro "Eu não sabia que era tão longe". Num dos trechos, é contado como era a dificuldade de combustível (estamos falando de selva amazônica em 1928).
"[...Mário retirou a gasolina que havia no tanque do Brasil e em seu lugar colocou pouco mais de um litro da aguardente. Tentou ligar o carro e este, ainda com o motor embebido pela gasolina que permanecia nas tubulações do motor, começou a funcionar, porém, com a chegada do álcool no seu dispositivo de queima, não sustentou a marcha e apagou. Mário adicionou um copo da gasolina que havia retirado e, dessa vez, ao acionar a ignição, percebeu que o motor respondeu positivamente.
― Vai funcionar. O motor vai aceitar a cachaça. Será necessário ajustar o motor, porém, como o problema é a falta de gasolina, precisamos encontrar outra coisa para misturar com a bebida. Querosene, talvez...]"
Não sei vocês, mas meus heróis brasileiros são desse nível.
Para ler mais:
Rodovia Panamericana na Wikipedia
Carretera Panamericana em miniford.com.br
Livro "Eu não sabia que era tão longe" no site do autor Osni Ferrari.
Revista Veja – 06/04/2011 – Matéria: Os três pioneiros – Diogo Schelp